A catarata não é somente uma doença da terceira idade
Apesar de ser mais frequente em pacientes idosos, a catarata não aparece apenas em pessoas da terceira idade. Pode aparecer também em bebês, adultos jovens, associados a doenças sistêmicas, a trauma, a uso de medicamentos e ser secundária a outras doenças oculares.
O que é catarata?
É uma doença que afeta o cristalino, lente natural do olho. A transparência do cristalino permite a passagem de luz até a retina, onde é formada a imagem. Ao longo da vida o cristalino vai deixando de ser transparente, se tornando opaco e dificultando a entrada de luz nos olhos causando visão turva e borrada. Por vezes algumas doenças sistêmicas (como o diabetes), o uso de algumas medicações (como os corticosteroides), o tabagismo e traumas oculares (trauma por bola de tênis é muito comum) podem levar a opacidade precoce do cristalino, causando catarata em pacientes mais jovens. A catarata que aparece em bebês ou crianças é chama de congênita (vamos explicar mais abaixo).
Dentre alguns dos principais sintomas de catarata, podemos listar:
- Visão embaçada ou turva;
- Dificuldade ao dirigir à noite (ofuscamento noturno com faróis);
- Diminuição da sensibilidade ao contraste e cores;
- Visão dupla em um dos olhos ou fantasmas nas letras;
- Maior sensibilidade à luz;
- Necessidade de mudar frequentemente o grau dos óculos (caso já use);
Normalmente a catarata em pacientes jovens apresenta sintomas mais rapidamente do que em idosos. Alguns tipos podem se desenvolver em até 6 meses provocando uma baixa acuidade visual importante.
Tipos de catarata
Podemos dividir essa doença em diferentes tipos de catarata. Neste post falaremos sobre as mais comuns em pacientes jovens que são:
Catarata Congênita, Catarata Adquirida e um tipo especial de catarata que é a Catarata Subcapsular Posterior.
Catarata congênita
Recebe também o nome de catarata infantil e desenvolve-se durante a gestação (por conta de distúrbios metabólicos, infecções intrauterinas com toxoplasmose, herpes, rubéola, ou citomegalovírus, ou deformidades no desenvolvimento do feto) e se manifesta no momento do nascimento ou durante os seis primeiros meses de vida da criança. Pode ser unilateral ou bilateral.
Em geral não apresenta sintomas, pois o bebê não sabe informar e nesta fase os pais não conseguem notar uma deficiência visual. Por isso a importância do “Teste do Olhinho ou Teste do Reflexo Vermelho” realizado, na maternidade, ao nascimento e posteriormente com oftalmologista especializado (Oftalmopediatra) até os 6 meses de idade.
Em alguns bebês ou crianças pequenas pode aparecer uma mancha branca na pupila (menina dos olhos) que chamamos de leucocoria. Este pode ser um sintoma de catarata, mas não é exclusivo da catarata congênita.
O tratamento da catarata congênita é cirúrgico e deve ser imediato, pois esta é uma das causas de cegueira em crianças.
Catarata adquirida
Dentre as cataratas adquiridas vamos dar ênfase as que ocorrem em pacientes jovens e são elas: Catarata causada por uso de medicamentos, Catarata diabética, Catarata traumática e Catarata secundária a outras doenças oculares.
Catarata medicamentosa é aquela provocada por uso prolongado ou em doses altas de medicamentos sistêmicos ou tópicos, sendo mais comum com o corticóide. Muito usado para tratamento de alergias, doenças autoimunes, em quimioterapias, presente em algumas pomadas, remédios de nariz e colírios. Geralmente é bilateral, mas um olho é mais afetado do que outro.
Catarata diabética é comum em pacientes diabéticos, em geral mais descompensados, pelo aumento da glicemia (glicose no sangue) que causa uma “retenção de água” no cristalino causando a opacidade do mesmo. Geralmente é bilateral.
Catarata traumática é aquela que ocorre após um trauma ocular direto, podendo ser trauma contuso ou perfurante. O trauma por bola de tênis, rolha de champanhe, tampinha de refrigerante são muito comuns e causam rapidamente uma opacidade do cristalino. Normalmente são unilaterais.
Catarata secundária a outras doenças oculares aparecem após processos inflamatórios crônicos intraoculares como as uveítes, após cirurgia de glaucoma, após cirurgia de vitrectomia (cirurgia para remoção do vítreo) em descolamento de retina ou outra cirurgia de retina.
Catarata Subcapsular Posterior
Este é um tipo de catarata adquirida especial, pois se caracteriza pela opacidade apenas da cápsula posterior do cristalino (uma parte do cristalino) e não do cristalino todo. A perda visual neste tipo é muito rápida. Ao contrário das outras cataratas que a visão piora a noite ou no escuro, esta piora muito a visão quando está sol ou tem muita luz. É comum em usuários de corticóides e tabagistas. Pode ser unilateral e anos depois aparecer no outro olho ou pode ser bilateral logo de imediato.
Tratamentos para catarata
Só existe um tratamento definitivo para a catarata, independente da causa, tipo e idade do paciente, que é a cirurgia para remoção do cristalino opacificado. Nenhum colírio para tratamento de catarata foi eficaz, até o momento, como tratamento definitivo.
A cirurgia de catarata consiste na remoção do cristalino opacificado (facectomia) com a técnica de facoemulsificação do cristalino que é a mais moderna atualmente. Após a retirada do cristalino é feito o implante de uma lente intraocular que trata definitivamente a catarata (a catarata não volta). Hoje temos disponíveis lentes intraoculares que além de tratarem a catarata fazem a correção de grau, chamamos de lentes intraoculares premium. Estas lentes corrigem o grau de astigmatismo, que são as lentes intraoculares tóricas, e a vista cansada para perto, que são as lentes intraoculares multifocais ou lentes intraoculares trifocais ou ainda lentes intraoculares de foco extendido.
A cirurgia de catarata tem como finalidade remover a catarata e trazer reabilitação visual ao paciente permitindo o abandono dos óculos.
Falaremos melhor sobre cirurgia de catarata e tipos de lentes intraoculares em outro post. Fiquem atentos!
Caso note algum desses sintomas procure imediatamente o médico oftalmologista ou mantenha seu exame oftalmológico anual em dia independente da sua idade.
Para as mamães e papais, não deixem de fazer o exame com Oftalmopediatra regularmente até o primeiro ano de vida, esta é a melhor maneira de evitar a cegueira na infância.